Nossa Atuação
Transtornos invasivos do desenvolvimento se manifestam nos primeiros anos de vida. Estes transtornos caracterizam-se por prejuízos em diversas áreas de desenvolvimento, como habilidades de interação social, comunicação e atividades estereotipadas. Além de incidir em várias áreas do desenvolvimento, são notadas precocemente e seus efeitos são persistentes, dentre estes transtornos encontram-se o Autismo Infantil e a Síndrome de Asperger.
O Autismo Infantil é considerado uma síndrome comportamental com distúrbio no desenvolvimento caracterizado por um déficit social, onde é visível a inabilidade em socializar-se, podendo ainda apresentar atraso ou ausência total de desenvolvimento de linguagem oral, comprometimento em iniciar ou manter uma conversação, relutância em participar de atividades em grupo, inflexibilidade a rotinas, rituais específicos e não funcionais e ausência de contato visual direto.
A Síndrome de Asperger, segundo Kaplan (1997), inclui pessoas com inteligência normal e sem atraso no desenvolvimento da linguagem oral, porém com comprometimento da interação social e estranheza de comportamento, além da falta de reciprocidade emocional e social e, apesar do bom desempenho aparente da fala, esta ocorre de modo automático e pouco espontâneo.
Há outros distúrbios que podem ser confundidos com autismo, como esquizofrenia de início na infância, retardo mental com sintomas comportamentais, transtorno misto de linguagem receptivo/expressiva, surdez congênita ou transtorno severo da audição, privação psicossocial e psicoses desintegrativas (Kaplan, 1997). Em virtude destes diversos distúrbios e da complexidade do quadro do autismo e síndrome de Asperger, é imperativo uma abordagem multidisciplinar de profissionais para o diagnóstico e acompanhamento do indivíduo.
A ampliação do diagnóstico de autismo vem ocorrendo nos últimos anos graças a classificação médica para transtornos do desenvolvimento da linguagem, que inclui alterações na linguagem expressiva, na compreensão verbal e na interação social do indivíduo, onde comumente são observadas dificuldades em integrar informações, provocando prejuízo na formação do conteúdo da informação; também há falhas na compreensão da mensagem e problemas em outros aspectos, como a dificuldade de expressão por linguagem não verbal e dificuldade de interpretação de linguagem figurada.
A avaliação consiste em: anamnese, avaliação com equipe multidisciplinar (composta por psicólogo, fonoaudiólogo, terapeuta ocupacional, fisioterapeuta), avaliação com médicos psiquiatra e neurologista, onde ao final de cada processo avaliativo, a equipe discute os aspectos relevantes da avaliação, passando à formação do diagnóstico. A partir deste, são fornecidas as orientações e conduta à Assistente Social, que em reunião com a família do avaliado, exporá as condutas a serem adotadas.
A Terapia Ocupacional visa intervir no cotidiano das pessoas de modo que as capacidades motoras, cognitivas e perceptivas possam ser estimuladas no tratamento das pessoas com autismo. Possui poderosa capacidade de recondicionamento social e desenvolvimento da autonomia pessoal. Um programa de desenvolvimento é elaborado levando em consideração as limitações individuais do assistido. Geralmente esses programas utilizam 3 abordagens distintas:
Motora: visa o desenvolvimento das atividades motoras do indivíduo, as pessoas autistas em geral possuem dificuldades de perceber o corpo como extensão do pensamento, o terapeuta ocupacional por meio de atividades lúdicas, estimulam a integração do corpo com a mente.
Perceptiva: O autista pode apresentar fragmentação sensorial que pode atingir os sentidos (tato, olfato, paladar, audição, visão, propriocepção e sistema vestibular,), através da integração sensorial o terapeuta ocupacional estimula essas percepções sensoriais, visando tornar o autista mais proativo nas interações com o ambiente que o cerca e as pessoas de modo geral.
Cognitiva: a integração das áreas motoras e perceptiva é fundamental para o fortalecimento do processo cognitivo, isto é, o processo de aprendizado permanente que auxílio o indivíduo a lidar com situações com base nas suas experiências anteriores como nós. Vale ressaltar que o trabalho com o foco na área cognitiva é importante principalmente nos processos de interação social, pois em geral o intelecto dos autistas é acima da média.
Além das práticas com as crianças, o objetivo também é instruir os pais para fazer acompanhamentos dos exercícios que são ensinados para ajudar a criança a adquirir força muscular e coordenação motora.
A musicoterapia aplicada aos autistas proporciona vários benefícios aos autistas como: facilitação da comunicação verbal e não verbal; contato visual e tátil; diminuição dos movimentos estereotipados; facilitação da criatividade; promoção da satisfação emocional; contribuição para a organização do pensamento; contribuição para o desenvolvimento social; ampliação da interação com o ambiente ao redor; diminuição da hiperatividade, melhora na qualidade de vida do autista e da sua família.
Atua na expressão não verbal do autismo, servindo como um canal onde o autista possa externar seu mundo através de desenho, pintura, modelagem em argila e massinha. Atua nos processos de autoconhecimento, auto estima e aprendizagem, possibilitando a expansão dos seus recursos físicos, emocionais e cognitivos.
A Arteterapia é um meio pelo qual se requer pouca ou nenhuma interação verbal, e abre a oportunidade para trabalhar uma ampla gama de habilidades. Ainda pode-se observar grandes avanços no desenvolvimento global do indivíduo, a saber: melhoria na capacidade de pensar e imaginar simbolicamente, melhoria na capacidade de reconhecimento de expressões faciais, melhora na capacidade de gerenciar problemas sensoriais e melhora de habilidades motoras finas.
O assistente social neste contexto passa a intervir respeitando os princípios de singularidade, liberdade e autodeterminação de cada indivíduo, respeitando sua vida privada e autonomia, reconhecendo suas competências e capacidades, além da interdependência face aos direitos e deveres cabíveis a todo cidadão em sociedade. O acompanhamento do assistente social nesta situação visa dirigir o indivíduo autista aos serviços apropriados para a conquista de autonomia, através da aquisição de competências necessárias para o desempenho de suas atividades, encaminhando e acompanhando o indivíduo e suas famílias aos serviços terapêuticos e pedagógicos aplicados a cada caso.
“ A intervenção do Serviço Social para a mudança social baseia-se na premissa de que esta ocorre ao nível da pessoa, família, grupo, comunidade, reconhecido como essencial para a mudança e o desenvolvimento social” (REIS, p.68, 2015).
A prática profissional do Serviço Social ocorre através das seguintes intervenções:
• Intervenção educacional e terapêutica visando prover ao indivíduo competências que o capacite exercer suas atividades de modo autônomo e integradas na sociedade;
• Realização de trabalho de esclarecimento, apoio e orientação familiar;
• Discussão e análise das abordagens terapêuticas da equipe multidisciplinar e encaminhamentos à rede de serviços;
• Trabalho em parceria com escolas, centros de saúde e instituições terapêuticas (exemplo: CIRVA, APAE).